A gestão dos estados de ânimo

Descubra a relação entre os estados de ânimo, emoções e seu desempenho no trabalho. Aprenda a gerenciar efetivamente esses estados para alcançar maior eficácia e bem-estar.

Autora: Marisa Gimenes

As emoções são uma parte intrínseca da experiência humana, e isso não é diferente no ambiente de trabalho. Elas emergem e se manifestam de diferentes modos, em vários âmbitos da nossa existência, seja como nos relacionamos com nossa família e amigos, seja no  como lidamos com um feedback, quando fazemos a apresentação de um relatório ou na forma como lideramos nossos colaboradores.

Mas afinal, o que é Estado de Ânimo?

O Estado de ânimo é o pano de fundo desde onde agimos, isto é, ele condiciona nossa ação. É como a água para o peixe. O peixe não vê a água, mas está imerso nela, assim como estamos envoltos nos estados de ânimo. É como uma música, uma trilha sonora que se repete. Não percebemos, mas está presente na vida e persiste, ainda que escape da nossa visão.

Ele se diferencia da emoção, mas possui uma relação íntima com ela. As emoções têm curta duração, algo passageiro, que surge em função de uma determinada situação. O que faz ela se tornar um estado de ânimo é a recorrência dessas emoções. 

Diante das circunstâncias cotidianas do trabalho, é comum experimentarmos diferentes emoções. No entanto, a maneira como lidamos e manejamos essas emoções depende do estado de ânimo que as antecede. Isto é, se um líder está num estado de ânimo de medo na organização, ainda que os resultados sejam satisfatórios e comemorar seja merecido, não se permite a alegria dado que o medo a antecede. Assim, o estado de ânimo determina a maneira como se interpreta o mundo, e isso define a abertura ou fechamento de possibilidades.

Quando falamos de estado de ânimo negativo, estamos falando dos julgamentos recorrentes que nos fazem sentir prisioneiros, bloqueados ou paralisados, independente das circunstâncias que se apresentam. Como lentes ou filtros, eles nos impedem de ver o que está acontecendo de fato.

Na ontologia da linguagem fazemos a distinção de 6 (seis) estados ânimo básicos em relação às mudanças, que estão relacionados entre si e que entendê-los pode ser fundamental para nossa vida. Nos referimos a eles como funcionais e disfuncionais.

No diagrama abaixo temos três colunas: a primeira que trata daquilo que julgamos que não pode ser modificado, são fatos; a segunda, que trata daquilo que julgamos que sim pode mudar, são possibilidades; e a terceira que trata daquilo que não sabemos se pode ou não mudar, são as incertezas. 

A maneira como nos relacionamos com estas três colunas pode ser de maneira funcional, isto é, num fluxo e cadência saudável, que permite atuar com efetividade; ou de maneira disfuncional, ficando preso e reagindo ao que acontece na vida e resistindo à aprendizagem. Na interseção das três colunas com as duas linhas apresentamos os seis estados de ânimo básicos. 

As facticidades e os estados de ânimo: 

Quando estamos diante de um fato e, recorrentemente, não o aceitamos, entramos no estado de ânimo de ressentimento. Existem facticidades muito visíveis, como a perda de um emprego ou a morte de alguém, mas existem outras situações mais sutis como, por exemplo, quando entendo que havia uma promessa ou expectativa  que não foi honrada ou mantida. Em ambos os casos o estado de ânimo do ressentimento nos deixa prisioneiros, impedindo de ver possibilidades ou aprendizados, perdendo a capacidade de dar continuidade ao fluxo do viver. 

O ressentimento vem de ressentir, ou seja, sentir novamente, novamente e novamente.  É doloroso, faz sofrer e se instala de forma silenciosa. Ele torna você um escravo desses sentimentos e preso a uma determinada situação. Somos funcionais quando somos capazes de aceitar o ocorrido. Isto não significa gostar nem concordar com o que aconteceu, mas escolher deliberadamente ir além dele Aceitar nos deixa livres daquela situação e nos possibilita enxergar novas oportunidades e aprendizados.

As possibilidades e os estados de ânimo: 

Em workshops de cascateamento de Cultura nas organizações, frequentemente vemos alguns colaboradores com falas e pensamentos do tipo: "não posso alterar isso, não tenho mais o que fazer a respeito, as pessoas não mudam, já assisti este filme antes". Dizemos que essas pessoas estão num estado de ânimo de resignação que consiste em não enxergar possibilidades quando elas existem.  Às vezes estamos num estado de disfuncionalidade sem sequer nos darmos conta. Com baixa autopercepção, aceitamos passivamente e cruzamos os braços frente às possíveis mudanças. 

A palavra mudança é tão forte que, às vezes, só de escutá-la algumas pessoas já vão para a resignação. Mudar pressupõe uma perda e, se não estamos disponíveis e abertos para essas perdas, ficamos resignados, apegados ao que não queremos perder, estagnados e impossibilitados de transformar. 

Nos tornamos funcionais quando caminhamos para uma mentalidade de ambição, isto é, observamos os julgamentos de que as coisas não podem mudar e questionamos. Dar-se conta de que permanecer num lugar onde as coisas não mudam também traz sofrimento. O exercício de confrontar os julgamentos é, em si, uma possível saída da resignação. Quando feito, conseguimos buscar outras alternativas e perceber novos caminhos e expectativas. 

As incertezas e os estados de ânimo: 

Passemos para um outro estado de ânimo muito conhecido nos dias atuais, que é a ansiedade. Este estado de ânimo, nos leva a uma necessidade de controlar, ter tudo claro, mesmo quando a atividade e/ou situação que estamos nos dedicando seja algo novo. É como se não tivéssemos tempo para aprender e já devêssemos ser experientes em um determinado tema. Da mesma maneira entramos em um looping de preocupações a respeito do futuro, sobre o que vai acontecer. Essa ansiedade nos leva a lugares de impaciência, frustração, insegurança, gerando muita confusão e, quando as coisas não saem como esperamos, chegamos ao ponto de questionar nossa competência. 

Somos funcionais quando aceitamos a incerteza. Na intensidade das mudanças que acontecem no mundo, podemos entender que tem coisas que conseguimos prever, antecipar, mas outras não. Isto nos coloca na condição de aprendizes principiantes e damos espaço para sentirmos curiosidade, paciência, autoconfiança e permite sermos surpreendidos pelo aprendizado. 

Gestão dos estados de ânimo

A gestão adequada dos estados de ânimos é uma ferramenta valiosa para nosso desenvolvimento individual e profissional. Para transformar estados de ânimo de disfuncionais para funcionais precisamos escutar, reconhecer e abrir novas conversas. Na gestão dos estados de ânimo a capacidade de escuta é fundamental. É possível desbloquear estados de ânimo entendendo quais são os julgamentos por trás. O desafio consiste em que eles se tornaram invisíveis pelo automatismo. Precisamos nos tornar sensíveis a ele para poder enxergá-los e, então, termos mais poder de transformá-lo.

Você reconhece o estado de ânimo vigente? Em quais domínios de sua vida estão presentes alguns desses estados de ânimo? Consegue notar quando é funcional e disfuncional?

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